terça-feira, 26 de abril de 2011

DA IMPORTÂNCIA DE OUVIR DO CLIENTE OS DETALHES PONTUAIS DO CASO


Ninguém conhece o caso melhor do que o próprio cliente! Considerando, que a redação de uma petição tem o objetivo específico de convencer o Juiz, os detalhes que o constituinte pode fornecer são muito importantes para conseguir isso.
Assim como tudo o que disser pode ser usado contra ele, tudo o que disser pode ajudá-lo. O filtro é operado pelo advogado no momento de redigir a petição inicial.
Segue uma lista de coisas que deve sempre ser perguntadas ao cliente e, se possível, constar da referida inicial:
Nome e qualificação dos interessados. Às vezes, deixar de fora um terceiro pode comprometer toda a causa. Embora possa parecer exagero melhor incluí-lo como réu.
Datas. Isso pode ser fundamental para tornar verossímil a narrativa e explicar a dinâmica dos fatos. Nessa linha, podem-se incluir locais e eventos onde se passaram os fatos, justificando a presença ou a ausência do cliente, sua atividade ou passividade, sua ação ou omissão. Também serve para justificar testemunhos.
Valores envolvidos. Importantíssimo em se tratando de prova de pagamento ou existência de débito. É particularmente importante na repetição de indébito e prestação de contas.
Documentos. Considero uma verdadeira arte sua juntada. A coleção deve ser apresentada de tal maneira que sua compreensão decorra de seu simples manuseio. Vale destacá-los dentro do conjunto, enriquecido por aqueles que o cliente pode fornecer, provocado pelas perguntas que o patrono lhe fizer: - Tem algum documento que pode ajudar o caso? Um recibo? Uma carta? Um bilhete?
Testemunhas. Antes de arrolá-las, convém avaliar o que podem dizer ou não dizer. A testemunha que deixa de falar alguma coisa deixa de ajudar. A que fala demais compromete a causa, atrapalhando talvez ao ponto da derrota. É, portanto, preciso avaliar o que ela sabe e pode dizer e que não deveria dizer. Ouvir o cliente sobre a conveniência de ouvir esta ou aquela testemunha serve – no mínimo – para dividir com ele a decisão de ouvir ou não ouvir.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

BALADA DAS MENINAS DE REALENGO



Nunca mais desfilarão em Realengo
As modelos que o mal levou.
A passarela está cheia de sangue e o desfile acabou.
Na Escola Municipal Tasso da Silveira
Cultivam-se flores imortais. São Géssicas, são Karines, Marianas e Larissas
São crianças, são meninas
A quem foi dada uma ordem: - “Vira pra parede que eu vou te matar.”
Não vai não. A beleza não morre nunca.

Quem passar por Realengo nesses dias,
Pensará que o bairro está triste com a triste beleza dos subúrbios.
Que o diabo deu as cartas e matou quem quis matar.
Não matou não.
Essas meninas morreram com o belo propósito de nos lembrar nossa própria maldade,
Que há um caminho a percorrer em busca da verdade:
Que somos homens, animais, que matamos uns aos outros,
Que somos pais de meninas tão lindas, Larissas e Laryssas,
Que o diabo não pode matar.

12 morreram. 12 são os apóstolos. 12 as Tribos de Israel.
12 nos julgarão. As 12 crianças mortas nos julgarão.
Ressuscitarão nos Recreios e merendarão nossos corações.
Querem sonhos, querem pão.
Querem Escola Pública de qualidade e ser lembradas em todo abril.
Querem ser respeitadas; querem cantar no Raul Gil.

Vejo Luiza Paula ressuscitada na próxima criança que subir ao palco
Milena Santos Nascimento era “aluna dedicada; nunca faltava a aula”
Meu D’us, quantas Milenas esse pais mata todos os dias!
Quantas Carolines e Samiras amanhã não vão à aula!
Dirão que a culpa é do psicopata
Direi que a culpa é nossa; a culpa é minha

D’us nos deu um Jardim que não sabemos cuidar
D’us nos deu crianças que não sabemos amar
Em nosso estúpido egoísmo, logo as esqueceremos
Seguiremos em frente.
Continuaremos pensando que não são nossas filhas.